sexta-feira, 10 de julho de 2015

Sobre cérebros, papéis e dobraduras

CH On-line entrevista pesquisadora brasileira que descreveu nova teoria sobre o processo de formação das dobraduras do cérebro. Artigo foi publicado na ‘Science’.

As dobras do cérebro eram, até agora, um mistério para a ciência, que não sabia o que determinava sua formação e se havia relação entre elas e a quantidade de neurônios do cérebro. (Foto: Gontzal García del Caño / Flickr / CC BY-NC-SA 2.0) 

Por: Marcelo Garcia

Quanto mais enrugado, melhor. Por muito tempo, essa era máxima que parecia valer quando falávamos da estrutura do cérebro. Mas um artigo publicado na revista Sciencepor dois brasileiros parece derrubar essa teoria. O estudo mostra que as reentrâncias características da superfície do cérebro de alguns mamíferos não têm nada a ver com a quantidade de neurônios, como se cogitava – elas são, na verdade, pura física: resultam da maneira como o órgão se molda às pressões internas e externas em seu desenvolvimento e obedecem ao mesmo tipo de regra que uma folha de papel ao ser amassada.

Até hoje, não se sabia explicar a estrutura do córtex, a camada mais externa de nosso cérebro e responsável por funções como memória, consciência e linguagem. Uma possibilidade era de que o grau de girificação (a quantidade de de dobras, por assim dizer) teria relação direta com o número total de neurônios da região. Mas não havia dados suficientes para corroborar a hipótese. Se o córtex cerebral humano é o que possui o maior número de neurônios, ele também deveria ser o mais dobrado – o que não é o caso.

Coube à neurocientista Suzana Herculano-Houzel e ao físico Bruno Mota, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desvendar esse paradoxo. Eles compararam o cérebro de diversos mamíferos e perceberam que uma regra muito mais simples poderia explicar os dados.


Fonte: Ciência Hoje On-line