sexta-feira, 19 de junho de 2015

Presentes do passado

Há milhares de anos, os seres humanos começaram a manipular plantas e animais
com o objetivo de torná-los mais apropriados para o consumo  como alimentos  ou como
matéria-prima para artefatos. (Imagem: Albert Eckhout / Wikimedia Commons)


Por: Helbert Medeiros Prado e Rui Sérgio Sereni Murrieta

Parafraseando o arqueólogo britânico Steven Mithen, em seu célebre A pré-história da mente, foram muitos os atos e as cenas que pontuaram o ‘drama’ da evolução humana ao longo de suas diversas trajetórias. Por aproximadamente 7 milhões de anos, a linhagem de primatas que culminaria nos humanos separou-se dos outros primatas, acumulando nesse vasto período importantes modificações anatômicas e comportamentais.

Nossa espécie (Homo sapiens) surge na África, há cerca de 200 mil anos, mas as mudanças comportamentais e cognitivas consideradas ‘modernas’ parecem ter emergido apenas nos últimos 50 mil anos de nossa história. A partir desse período, ocorre uma série de manifestações simbólicas em forma de ornamentos corporais, pinturas rupestres e sepultamentos ritualizados, como revelam sítios arqueológicos pelo mundo afora. Estavam lançadas as bases para a complexidade material e cultural que definiriam o papel de nossa espécie no planeta nos dias de hoje.

Dezenas de milênios mais adiante, uma forma inédita de relação com a natureza marcaria em definitivo o modo de vida das sociedades humanas: a domesticação. Podemos definir domesticação como um processo histórico/evolutivo pelo qual populações de organismos são alteradas em nível genético por meio da manipulação humana ao longo de um extenso intervalo de tempo. Como consequência, os organismos domesticados tornam-se em geral altamente dependentes da ação humana para sua sobrevivência e reprodução. Outro aspecto que define esse processo em sua essência é a natureza irreversível das mudanças induzidas nos organismos ditos domesticados.


Fonte: Ciência Hoje On-line