sexta-feira, 11 de abril de 2014

O que vem primeiro, a teoria ou a prática?

Por Felipe A. P. L. Costa*

A matéria “Terra: uma história climática”, de Henrique Kugler, publicada na Ciência Hoje On-line, em 26/7/2013, informa que um dos destaques da 65ª Reunião Anual da SBPC (para detalhes, ver aqui) teria sido a palestra do geólogo alemão Ulrich Glasmacher. Já no primeiro parágrafo, o jornalista escreveu:

“O debate climático tem se tornado tão monótono – ou, mesmo, enfadonho – que o leitor pode até desanimar diante de mais um texto sobre a questão.”

Um exagero, diante do qual caberia esclarecer: no âmbito da esfera estritamente científica, o “debate climático” é uma questão até certo ponto em aberto, sem data ou hora previamente marcada para acabar. Na ausência de uma “conclusão definitiva”, o público e até mesmo os jornalistas que cobrem o assunto talvez se sintam meio perdidos, mas é assim mesmo que a arena científica funciona: altos e baixos, prós e contras. Quer dizer, o discurso que até ontem era a explicação “correta” para determinado fenômeno, pode muito bem ser descartado amanhã, sobretudo diante de novas evidências, em favor de uma explicação melhor [...]

A origem do Universo

A concepção científica a respeito do Universo mudou muito ao longo dos últimos 100 anos. Até as primeiras décadas do século 20, por exemplo, a grande maioria dos cosmólogos – astrônomos, físicos, químicos e outros cientistas que estudam a estrutura, dinâmica e história do Cosmos – defendia a idéia de que o Universo era eterno (sem início e sem fim), estático e imutável. O próprio Einstein foi defensor durante anos do chamado modelo do Universo estacionário [...]


*Felipe A. P. L. Costa é biólogo e escritor, autor, entre outros, de Ecologia, evolução & o valor das pequenas coisas (2003)

Fonte: Observatório da Imprensa, n. 793 de 10/04/2014.