segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Nova estratégia de preservação

A lei brasileira reza que, na mata atlântica, propriedades rurais mantenham pelo menos 20% de floresta nativa intacta. Novo estudo, porém, afirma que esse número é insuficiente. O mínimo necessário para a saúde do bioma, na verdade, seria preservar 30% da vegetação original. 
Por: Henrique Kugler


A ‘Tangara seledon’, também chamada de saíra-sete-cores,
é uma das aves mais coloridas do sudeste brasileiro.
Foto: Sandro Von Matter

A reforma do Código Florestal foi uma controversa novela – cujo roteiro, dos mais mal escritos, assombrou boa parte da comunidade científica. Um dos pontos sensíveis do texto, porém, permaneceu inalterado: na mata atlântica, produtores rurais continuam obrigados a manter, em suas propriedades, pelo menos 20% de floresta nativa intacta. É o mínimo necessário, afinal, para que a biodiversidade local não seja varrida do mapa.

Mas de onde veio tal número? Por que 20%, e não outro valor qualquer? Bem, esse dado foi sugerido à luz do conhecimento científico da época – vale lembrar que a versão anterior do Código Florestal era de 1965. De lá para cá, no entanto, muito avançaram as disciplinas tangentes à biologia da conservação. Hoje esse número pode – e deve – ser reconsiderado.

“Após quase uma década de coleta e análise de dados referentes a espécies de mamíferos, aves e anfíbios, concluímos que 30% são o mínimo necessário para se manter o ecossistema saudável”, diz a ecóloga brasileira Cristina Banks-Leite, do Imperial College London, na Inglaterra. O foco de seu estudo foi o estado de São Paulo, mas as conclusões podem ser estendidas aos demais locais onde há presença de mata atlântica. Os resultados foram publicados esta semana na Science, e ainda devem dar o que falar.


Fonte: Ciência Hoje On-line