sexta-feira, 12 de julho de 2013

Física e matemática têm ensino descolado da realidade


Especialistas analisam a correlação entre o que se aprende na escola e a realidade e necessidades da vida cotidiana

Professores das áreas de física e de matemática propõem mudanças nos currículos do ensino básico para que essas disciplinas se aproximem da realidade do aluno. Para Celso Pinto de Melo, presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e professor da Universidade Federal de Pernambuco, quanto maior flexibilidade curricular melhor. "Nenhum cidadão deve ser furtado da experiência do conhecimento. O papel da escola é oferecer o básico para permitir o desenvolvimento de um espírito crítico, que as pessoas saibam refletir sobre as questões e tirar suas conclusões", opinou.

O professor Celso vê o currículo atual muito descolado da realidade. "O ensino das disciplinas exatas, a Física em particular, deveria ser repensado para dar aos alunos uma visão mais moderna do mundo", diz. Ainda de acordo com ele, o que se tem hoje nas salas de aula é uma cultura muito livresca, que valoriza as fórmulas e a memorização.

O presidente da SBF vê o físico como um profissional que deve ser capaz de enfrentar desafios e solucionar problemas. "A escola hoje não ensina a pensar. Se o cidadão moderno tiver o poder de abstração e a informação relevante, ele será capaz de interpretar e tomar decisões. É importante que os alunos (de física) sejam treinados a resolver problemas e a buscar soluções. Isso porque a Física é uma ciência experimental, eles têm que colocar a mão na massa", alerta.
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Matemática: longe de um ensino eficiente

Formada em Matemática, com doutorado em Geometria Diferencial, pela Universidade de Campina (UNICAMP), a professora Yuriko Baldin, membro da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), considera insatisfatória a formação de egressos de cursos de licenciatura diante das demandas da escola na sociedade contemporânea "Aliada à falta de suporte aos professores em exercício para que se atualizem de fato na educação continuada que atenda a tais demandas, isso nos indica que ainda estamos longe de termos ensino de matemática eficiente, em escala necessária para atingir o sistema educacional como um todo", analisa.

Ainda de acordo com ela, quando, na prática, o ensino não conecta devidamente os diferentes níveis de escolaridade e os crescentes níveis de complexidade do conteúdo curricular, a pergunta é se a aprendizagem está ocorrendo. "A correlação do que se aprende na escola com preparo à vida não dá para ser analisada com argumentos simplistas, pois a própria aprendizagem deveria antes ser dimensionada, além de dados quantitativos", opina.
[...] (Edna Ferreira / Jornal da Ciência)

Veja a matéria completa nas páginas 6 e 7 do Jornal da Ciência impresso. As 12 páginas podem ser acessadas em PDF:

*O artigo acima foi uma sugestão de leitura do Prof. Carlos Moura (IME/UERJ)